A cor rosa é vista nos afluentes da bacia do rio Amazonas, e dali surge o golfinho de água doce, conhecido como
Boto-cor-de-rosa.
Tatiana Ramos e Gleycon Silva
Manaus, AM – 11de Agosto de 2022.
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O mamífero, apresenta distribuição geográfica em seis países da América do Sul: Bolívia, Brasil, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. Com a chegada da estação seca, esse animal ocorre nos leitos dos rios, enquanto que na época das chuvas quando os rios aumentam o nível de água, ficam espalhados por áreas alagadas tanto na floresta Igapó e nas planícies de Várzeas inundadas.
Em 1855, após vários estudos o Zoólogo e Paleontólogo Francês Paul Gervais descreveu a espécie que é classificado na ordem Cetácea e recebe o nome científico Inia geoffrensis. Por muitas pessoas e regiões do país, esse mamífero é conhecido por uma grande variedade de nomes comum como Boto-cor-de-rosa, boto-vermelho, boto-rosa, boto malhado, boto-branco, boto, costa-quadrada, cabeça-de-balde ou uiara. Apesar das diversas denominações, a coloração é algo marcante no Boto e essa característica é determinada principalmente pela sua localização geográfica, pela sua idade, sexo e temperatura da água.
O Boto é uma animal ativo durante o dia e a noite, e sua alimentação é a base de peixe, tartaruga e caranguejo. No seu habitat é um animal ágil, e por realizar diferentes manobras possui grande capacidade de encontrar e capturar suas presas. Os machos são geralmente maiores com aproximadamente com 185 quilogramas e 2,55 metros de comprimento, diferente das fêmeas que pesam em média 150 quilogramas atingindo 2,15 metros de comprimento.
A vida do Boto está associada a lendas e mitos, sendo conhecido como um animal que possui poderes sobrenaturais. Existem diversas lendas, uma das mais citadas é que o Boto se transforma em um homem atraente que seduz as mulheres das comunidades ribeirinhas, canta melodias e causar confusão mental nas pessoas.
Conta-se que o Boto não pode ser criado em cativeiro, pois ele tem a capacidade de criar pernas e asas que o permite fugir e sair voando. Todas essas lendas e mitos causam medo, repulsa e associam a presença do Boto como algo ruim.
Outra questão que deve ser citada é a relação do Boto com os pescadores que nem sempre é harmoniosa. Como comentei no texto, o Boto é um animal ágil e eficaz na captura da sua presa e isso atrapalha o trabalho dos pescadores, causando uma relação de conflito entre ambas as partes. As lendas, os mitos, a construção de hidrelétricas que poderá isolar as populações do Boto e de outros peixes e a relação com os pescadores são causas de extinção da população do Boto-cor-de-rosa, uma vez que sua carne é utilizada na pesca do peixe chamado Piracatinga.
A poluição das águas, a pesca ilegal, a circulação de muitos barcos turísticos, falta do cumprimento das leis e de trabalhos de educação Ambiental de conscientização com os pescadores, com a comunidade ribeirinha e com as autoridades são fatores que contribuem para o declínio da população do Boto.
Após essa leitura, a pergunta que fica é: o que eu posso fazer para salvar o Boto? Vale a pena unir aos esforços dos pesquisadores e ambientalistas para manter vivos nas nossas águas esse mamífero que é um predador de topo da
cadeia alimentar e importante no seu habitat por manter a população de peixes em equilíbrio, eliminando através da sua alimentação peixes com parasitas e doentes. Se o boto for extinto o que acontecerá com os demais membros da cadeia alimentar?
Já parou para pensar nisso? Não podemos deixar a existência desse animal virar lenda.
Tatiana de Oliveira Ramos – Bióloga – Dra. Entomologia Agrícola UNESP – Biopredadores
Gleycon Silva – Gestor Ambiental – Doutorando em Ecologia – INPA
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