Primeiro parque nacional marinho do Brasil completa 40 anos e é importante refúgio reprodutivo para o budião-azul.
Redação
São Paulo, 24 de Abril de 2023
2,6 Minutos.
Espécie ameaçada de extinção é objeto de pesquisa em projeto de conservação com base no sul da Bahia para proteger e conservar uma parcela significativa dos recifes de corais rasos do banco de Abrolhos, que são os recifes de maior biodiversidade do Atlântico Sul.
Esse é o principal objetivo do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, que completa 40 anos de criação neste mês de abril. Com 87.943 hectares, a unidade de conservação abriga um alto número de espécies endêmicas do Brasil, a exemplo dos budiões.
“O budião-azul é a espécie que corre maior risco de extinção dentre as cinco das grandes espécies que temos aqui no Brasil”, destaca o doutor Carlos Hackradt, professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e coordenador geral do Projeto Budiões, que reúne cientistas em um trabalho de observação, coleta de dados e educação ambiental para a conservação desses peixes.
A pesca dos peixes budião-azul tem tornado a espécie cada vez mais rara. No Nordeste do país, as populações decaíram drasticamente, acima dos 30%, desde a intensificação da atividade pesqueira, iniciada entre as décadas de 80 e 90. Já na costa dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, ele já é considerado funcionalmente extinto, ou seja, “não cumpre mais o seu papel ecológico nessas regiões”, explica o professor Carlos.
Espécie ameaçada encontra abrigo
No entanto, o Parque de Abrolhos permanece como um refúgio para esses animais. Além da abundância, lá as espécies conseguem viver por mais tempo, entre 15 20 anos, atingindo até 65 centímetros de comprimento, no ápice da maturidade reprodutiva.
“O Scarus trispinosus ou budião-azul é a maior e mais ameaçada espécie de budião que temos no Brasil. No Parque Nacional Marinho de Abrolhos ela ocorre em grandes quantidades e com grandes tamanhos. Como o parque é grande, ele protege uma proporção grande dessa população. É uma área prioritária nas nossas pesquisas”, completa.
Neste mês, o Projeto Budiões, patrocinado pela Petrobras, preparou uma série de vídeos para homenagear algumas pessoas envolvidas na criação e manutenção do Parque. Uma delas é a doutora Zelinda Leão, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que foi pioneira nas pesquisas sobre os recifes de corais de Abrolhos, na década de 70, junto ao seu orientador, o francês Jacques Laborel.

“Nosso trabalho serviu como base para a descrição da região de Abrolhos e para a criação do parque”, revela a professora, que inclusive já foi homenageada com o nome de uma espécie de budião, o Scarus zelindae, conhecido popularmente como budião-banana e descrito em 2001.
Chefe do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) ICMBio Abrolhos, Erismar N. Rocha fala com orgulho do que o parque vem conquistando nessas quatro décadas. “Temos programas de monitoramento e modelo de visitação muito bem estruturados. Há um acompanhamento e uma vigilância intensa. Por isso percebemos a efetividade dessa unidade de conservação como bastante significativa e em crescente consolidação”.
Uma busca incessante pelo (re)Equilíbrio – Projeto Budião de Preservação Marinha
Sobre a conservação dos budiões, Erismar ressalta o papel do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos como refúgio seguro para a espécie. “A unidade possibilita que algumas espécies tenham o local como espaço de reprodução intensa, uma área segura para sua multiplicação, permitindo repovoar o oceano do entorno”.
A série de vídeos criados em homenagem aos 40 anos do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos pode ser acessada nas redes sociais do Projeto Budiões. O Projeto Budiões trabalha na preservação e manutenção do frágil equilíbrio dos ambientes recifais, esses peixes se tornaram o foco do nosso Projeto.
Após o período inicial de foco nas ações digitais, devido à pandemia e recomendação de saúde para distanciamento social, aos poucos o Projeto Budiões inicia suas atividades presenciais com saídas a campo com o objetivo de coletar dados e adquirir conhecimentos científicos que auxiliem na conservação dos ambientes recifais e dos budiões.
Com o patrocínio Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental, novas perspectivas e ações para a Conservação, Educação Ambiental e Pesquisa Científica são realizadas em nossas áreas de atuação: Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Além de realizar todas as atividades com zelo e dedicação, nossos principais compromissos são: integrar pessoas, realizar pesquisas e monitoramentos e propor e implantar políticas públicas para que a conservação dos budiões e dos ambientes recifais aconteça de fato.