Abelhas sem ferrão na Amazônia
Uma das diversas espécies de abelhas sem ferrão brasileiras que vivem na Amazônia. (Img. Web)

Abelhas sem ferrão na Amazônia

A introdução de meliponários em sistemas agroflorestais na Amazônia tem potencial para beneficiar a produção agrícola local, a preservação e conservação de abelhas e plantas nativas.

Gleycon Silva e Tatiana Ramos

Manaus, AM – 13 de Dezembro de 2022.

2 Minutos.

Vale ressaltar que a Floresta Amazônica representa um terço das florestas tropicais do mundo, a qual desempenha um papel imprescindível na manutenção dos serviços ecológicos, como por exemplo, os estoques de água doce, a regulação do clima e proteção da maior biodiversidade que existe no planeta.

Além disso, as abelhas nativas sem ferrão podem ser responsáveis por até 80% da polinização das florestas brasileiras. Desta forma, nota-se que a introdução de abelhas nativas sem ferrão em sistemas sustentáveis de produção possui potencial para beneficiar a Floresta Amazônica assim como a produção regional de alimentos. Afinal, as abelhas são as principais responsáveis pela reprodução das plantas angiospermas (plantas com flores que geram frutos), ou seja, elas realizam o transporte dos grãos de pólen da antera para o estigma – estruturas masculina e feminina das flores. Isso significa que as abelhas além de contribuírem para a manutenção das florestas naturais, são essenciais para a produção de alimento.

Abelhas sem ferrão na Amazônia
Caixas de abelhas sem ferrão. (Ft. Peabiru)

No Amazonas, a introdução de colmeias de abelhas sem ferrão em áreas de comunidades indígenas, assentamentos rurais e ribeirinhos têm colaborado para a melhoria da qualidade de vida e de renda dos caboclos amazônicos. Isso significa que tem se potencializado devido a melhoria nas técnicas de manejo e pela troca de experiência entre os meliponicultores. Portanto, a presença dessas abelhas em sistemas agroflorestais é essencial para a reprodução vegetal e garantia de sementes férteis com maior diversidade genética.

Desta forma, essas comunidades não ficam dependentes da compra de sementes e insumos, o que diminui seus custos na implementação de uma nova lavoura, além é claro, de produzirem alimentos em maior quantidade e qualidade.

Esse artigo apresenta um breve levantamento das espécies de abelhas nativas sem ferrão utilizadas em sistemas agroecológicos na região amazônica. Para isso, foi feita uma revisão sistemática da literatura com base em artigos e cartilhas encontrados no Google Acadêmico.

Ao todo foram revisados 13 artigos, que apresentaram 25 espécies de ASF utilizadas em sistemas agroecológicos no Amazonas. As espécies são, Melipona seminigra merrillae, M. seminigra ssp., M. seminigra interrupta, M. seminigra paraensis, M. emburnea, M. rufiventris, M. laterallis, M. compressipes manaosensis, M. compressipes, M. eburnea fuscopilosa, M. rufiventris paraensis, M. fulva, M. lateralis, M. paraensis, M. flavolineata, M. fasciculata, M. melanoventer, M. interrompida, Scaptotrigona xanthotricha, S. aff. xantotricha, Frieseomelitta flavicornis, F. paranigra, F. longipes, Tetragonisca angustula, Plebeia minima.

Abelhas sem ferrão na Amazônia
Família com potes de mel das abelhas sem ferrão. (Ft. Peabiru)

Conforme analisado nos artigos, destas espécies de abelhas nativas sem ferrão, as mais utilizadas nos sistemas agroecológicos são M. seminigra interrupta, M. seminigra merrilae, M. seminigra paraensis eM. compressipes manaosensis. O fato dessas quatro espécies serem as mais utilizadas se justifica pelo fácil manejo e por serem abelhas com boa produção de mel.

Em resumo, o manejo de abelhas sem ferrão nativas em sistemas agroecológicos se relaciona a costumes e tradições locais da região.

Além disso, a meliponicultura pode elevar a renda e contribuir para a segurança alimentar do agricultor e sua família, e pode ser utilizada como estratégia para conservar as abelhas nativas da Amazônia.

Gleycon SilvaGestor Ambiental – Doutorando em Ecologia INPA
Tatiana de Oliveira RamosBióloga – Doutora em Entomologia Agrícola pela UNESP

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