CERRADO - O Bioma no Limite.

CERRADO – O Bioma no Limite.

O Cerrado, o segundo bioma brasileiro mais extenso e um dos mais ricos em diversidade de plantas e animais, encontra-se ameaçado. Sofre até mais do que a Amazônia.

FAPESP

São Paulo, 18/12 de 2021.

2 Minutos

A rápida eliminação da vegetação nativa – que neste século ocorre ao ritmo de 0,5% de sua área ao ano, duas vezes superior ao observado na Amazônia – e a posterior conversão dessas terras em vastas pastagens e plantações de soja, milho, algodão e cana estão alterando a ecologia e o clima desse ecossistema de maneira que pode se tornar irreversível em algumas regiões. O Cerrado está hoje, nos meses de estiagem, até 4 graus Celsius (oC) mais quente do que nos anos 1960, além de mais seco. Em algumas regiões, também vem sofrendo queimadas mais intensas, duradouras e frequentes do que algumas décadas antes.

Essas mudanças, que começam a ser registradas em medições sistemáticas e observações em campo feitas por pesquisadores brasileiros, têm o potencial de afetar a sobrevivência da fauna e da flora do Cerrado, levando a extinções locais, e de reduzir a disponibilidade de água, prejudicando os 20 milhões de pessoas que vivem no bioma e o agronegócio, que prosperou em suas terras nas últimas décadas. “O Cerrado já sofre hoje as consequências de mudanças que estão ocorrendo em escala local, regional e global”, afirma a ecóloga Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), especialista em conservação e uso sustentável desse ecossistema.

Ameaça e tragédia ambiental anunciadaO Cerrado está no limite

CERRADO - O  Bioma no Limite.
Estrela do Cerrado. Flor de um tipo de Maracujá (Img.: Fabio Bastos/EMBRAPA)

Nos últimos 36 anos, o Cerrado perdeu quase 20% do que restava de sua vegetação original. De 1985 a 2020, cerca de 26,5 milhões de hectares contendo os três principais tipos de formação nativa (campos, savanas e florestas) deram lugar a novas áreas de criação de gado e produção em larga escala das principais commodities agrícolas brasileiras, segundo o mais recente relatório do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil, o MapBiomas, divulgado em setembro deste ano.

A área de campos, savanas e florestas perdida nesse período equivale quase ao território do Equador e é maior do que a de outros 120 países.

Com 2 milhões de quilômetros quadrados (km2), o correspondente a um quarto do território nacional, o Cerrado originalmente ocupava toda a região central do Brasil, do sul do Piauí e do Maranhão, no Nordeste, ao norte do Paraná, na região Sul. Hoje, no entanto, apenas 54,4% dessa área continua coberta por vegetação nativa – e uma proporção bem menor (em torno de 20%) permanece inalterada. Com 45,6% de sua área convertida em plantações, pastagens, estradas, hidrelétricas e cidades, o Cerrado é o segundo bioma brasileiro mais alterado pela ação humana. Perde apenas para a Mata Atlântica, suprimida de quase 90% do território que ocupava.

Alguns efeitos associados a essa transformação radical na paisagem e no uso do solo estão cada vez mais evidentes: o Cerrado está se tornando mais quente, seco e, consequentemente, propenso a sofrer incêndios devastadores. Indícios da perda de umidade, do aquecimento e do crescimento do número de queimadas de grandes proporções foram apresentados nos últimos meses em estudos conduzidos por equipes de pesquisadores de diferentes regiões do país.



Acesse a íntegra do artigo

3 comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.