Valor Intrínseco de 1 Rio
A importância intrínseca de um rio

Valor Intrínseco de 1 Rio

Um rio não é só o fluxo de água que se vê na superfície. Ele tem começo, meio e fim. Na nascente, no olho d’água ele é puro, pequeno, simples, cristalino. No meio ele cresceu, recebeu afluentes e efluentes, pode até estar contaminado, ou morto, parcial, totalmente. É caudaloso, forte, corrente, pode e deve conter e suportar milhões de formas de vida. E, ao chegar a foz ele pode ser um majestoso espetáculo fantástico da Natureza.
Valor Intrínseco de 1 Rio
Afonso Peche Filho

O conceito de valor intrínseco reconhece que um curso d’água tem importância mesmo na ausência de utilização direta pelos seres humanos. Ele existe como parte integrante de um ecossistema, sustentando a vida e os processos ecológicos que garantem o equilíbrio ambiental. Esse valor não depende de sua exploração para irrigação, abastecimento ou lazer, mas sim de sua própria presença e função na natureza.

Rios e riachos abrigam uma vasta diversidade de vida, desde microrganismos aquáticos até espécies de peixes, aves e mamíferos. Eles atuam como corredores ecológicos, conectando habitats e permitindo a migração de espécies. Além disso, desempenham um papel vital na purificação da água, no transporte de sedimentos e nutrientes e na regulação do microclima.

Para muitas culturas, os cursos d’água são sagrados ou simbolizam fontes de vida e renovação. Comunidades tradicionais frequentemente dependem dos rios não apenas para subsistência, mas também como parte de sua identidade cultural. Esse valor simbólico reforça a necessidade de proteger e preservar esses ecossistemas.

Importante só por ser o que é

Rios também possuem valor intrínseco como paisagens naturais que inspiram arte, literatura e espiritualidade. Sua beleza e dinamismo convidam à contemplação e à conexão emocional, despertando um senso de pertencimento e responsabilidade ambiental.

Reconhecer o valor intrínseco de um curso d’água implica comprometer-se com sua preservação, independentemente de sua utilidade imediata. Isso significa manter sua vazão ecológica, proteger suas margens com vegetação nativa, controlar a poluição e evitar intervenções que comprometam seu equilíbrio natural.

O valor intrínseco de um rio reside em seu papel ecológico, cultural e estético, independentemente de usos práticos ou econômicos. Ao adotar essa perspectiva, promovemos uma relação mais respeitosa e equilibrada com a natureza, garantindo a proteção dos rios como parte essencial da vida na Terra. Esse reconhecimento é fundamental para a construção de um futuro mais sustentável e harmonioso entre humanidade e ambiente.

Afonso Peche Filho – Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas.

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